Cultivo do Paiche e a Pesca Artesanal no Peru

Nos últimos dez anos, a pesquisa científica aprimorou nosso conhecimento sobre a Amazônia peruana, especialmente no que diz respeito ao cultivo do paiche no Peru e seus recursos pesqueiros, fundamentais na dieta da população. A alta demanda por carne de paiche no século passado levou a espécie a um estado crítico de conservação. O paiche é valorizado por seu rápido crescimento e pela qualidade de sua carne, além de seus derivados de pele e escamas, o que o torna uma espécie de grande potencial para a aquicultura.

A criação de paiche em cativeiro oferece uma alternativa viável ambiental, econômica e social, reduzindo a pressão sobre as populações naturais e gerando emprego. O cultivo do paiche no Peru e sua pesca têm se mostrado estratégias sustentáveis. Este documento, fruto da colaboração entre o IIAP e o Governo Regional de Loreto, oferece uma base sólida para o desenvolvimento sustentável da aquicultura na Amazônia peruana.

CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE

ASPECTOS TAXONÔMICOS

De acordo com os avanços científicos recentes, o paiche (Arapaima gigas) é uma das cinco espécies de peixes de água doce tropical reconhecidas na família Arapaimidae. Até cinco anos atrás, apenas duas espécies eram conhecidas nesta família: Heterotis niloticus na África e Arapaima gigas na América do Sul. No entanto, novos estudos identificaram quatro espécies do gênero Arapaima: A. gigas, A. agassizii, A. mapae e A. leptosoma. Uma possível quinta espécie ainda está por ser confirmada, A. arapaima.

ECOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO

O paiche distribui-se naturalmente na bacia do Amazonas em países como Brasil, Peru e Colômbia. Também habita os rios da Guiana. No Peru, o paiche habita as bacias inferiores de rios como Ucayali, Marañón e Putumayo. As principais populações estão na Reserva Nacional Pacaya-Samiria. O cultivo do paiche no Peru e sua pesca se expandiram para outras regiões devido à sua capacidade de adaptação, impulsionando sua presença no mercado internacional.

ASPECTOS BIOLÓGICOS

O paiche possui órgãos sexuais no lado esquerdo de sua cavidade abdominal. As fêmeas apresentam um único ovário funcional e os machos um único testículo funcional. A reprodução ocorre durante todo o ano em ambientes naturais, mas se intensifica na temporada de chuvas. No Peru, estudos na Reserva Nacional Pacaya Samiria indicam que a desova atinge seu pico máximo entre setembro e dezembro. Na Reserva Mamirauá, no Brasil, o paiche se reproduz principalmente entre dezembro e maio.

O paiche tem um comportamento reprodutivo complexo. Forma pares que defendem seu território e constroem ninhos em margens rasas sem vegetação. Os ninhos medem entre 15 e 20 cm de profundidade e até 60 cm de diâmetro. O macho protege os ovos, larvas e alevinos por cerca de três meses. Os filhotes recém-nascidos nadam perto da cabeça do pai.

ASPECTOS GENÉTICOS

As populações naturais de paiche na Amazônia peruana apresentam uma diferenciação genética significativa. O que significa que evoluem de forma distinta e podem responder de maneira diferente às mesmas condições ambientais. Cruzar indivíduos de diferentes populações pode alterar o genoma e reduzir as capacidades adaptativas. O que prejudicaria a sobrevivência dos filhotes em seu ambiente natural.

Por isso, não é recomendado transferir espécimes de uma bacia para outra distante. Os animais não estariam adaptados a essas áreas. Introduzir indivíduos de outras zonas ou criados em cativeiro pode diminuir a sobrevivência das populações nativas. Para repovoar uma população reduzida, é crucial respeitar o pool genético local e usar indivíduos geneticamente próximos. Caso contrário, isso poderia ser prejudicial para as populações naturais e o ecossistema, além de tornar o repovoamento ineficaz.

MANEJO E CULTIVO DO PAICHE

 Cultivo do Paiche no Peru

ANTECEDENTES DA PAICHICULTURA

No meio do século XIX, o paiche seco e salgado tornou-se a principal fonte de proteína na Amazônia. No século XX, a pesca do paiche ganhou importância devido à diminuição de outros recursos, como o peixe-boi e as tartarugas aquáticas. A partir da década de 1980, o cultivo do paiche no Peru, juntamente com a pesca sustentável, passou de uma fonte básica de alimento para uma iguaria cara, o que levou à sua inclusão no Apêndice II da CITES devido ao risco de extinção.

O paiche mostrou grande potencial para a piscicultura devido à sua rusticidade e alto valor de mercado. Além disso, tem bom desempenho em condições controladas. Em média, uma fêmea produz cerca de 1.500 filhotes por desova. O paiche pode atingir entre 8 e 12 kg/ano, com um rendimento de filé de 52%. A pesca e o cultivo do paiche no Peru têm gerado uma crescente demanda em mercados internacionais, consolidando-se como chave para conservar a espécie e reduzir a pressão sobre as populações naturais.

 Cultivo do Paiche no Peru

INFRAESTRUTURA PARA O CULTIVO DO PAICHE

No cultivo do paiche no Peru, utilizam-se diferentes infraestruturas conforme a etapa de desenvolvimento. Os viveiros de terra são os mais comuns para as fases de engorda e reprodução. Embora menos utilizados devido ao custo, os sistemas de recirculação são empregados nas etapas de alevinagem e engorda. As iniciativas sustentáveis no país permitiram que a pesca e o cultivo do paiche no Peru se tornassem um motor econômico importante. Esse desenvolvimento gerou emprego e promoveu a segurança alimentar na região amazônica.

REPRODUTORES

São utilizados viveiros entre 300 e 1.500 m² para o cultivo do paiche. Recentemente, optou-se por identificar e separar pares em áreas de 300 a 500 m², o que facilita a captura dos alevinos. É recomendável construir os viveiros em solos argilosos e próximos de uma fonte de água que permita a renovação por gravidade.

 Cultivo do Paiche no Peru

A profundidade ideal dos viveiros para peixes adultos deve ser entre 1,2 e 1,5 metros. Além disso, o sistema de drenagem deve retirar a água dos níveis mais profundos, pois essa água geralmente tem menos oxigênio e acumula substâncias tóxicas.

ALEVINAGEM

O manejo dos alevinos provenientes dos viveiros de reprodução pode ser feito em diferentes sistemas. Como caixas de madeira revestidas com plástico, aquários de vidro, piscinas desmontáveis ou infláveis e tanques de fibra de vidro ou concreto com capacidade entre 50 e 2.000 litros. É importante oferecer as melhores condições para que os peixes se adaptem rapidamente à alimentação balanceada.

Para facilitar o manejo do cultivo, recomenda-se ter um sistema de entrada e saída de água que permita uma troca rápida durante essa etapa.

REPRODUÇÃO EM CATIVEIRO

Embora o paiche possa se reproduzir em viveiros de terra em condições semi-naturais, até recentemente não se conheciam claramente os fatores ambientais e de manejo que facilitam esse processo. A falta de conhecimento sobre esses aspectos-chave causava flutuações na oferta e altos custos de alevinos e juvenis para engorda. A reprodução é crucial para o sucesso do cultivo de paiche. Nesta seção, aborda-se o processo passo a passo com informações recentes do IIAP e criadores privados.

 Cultivo do Paiche no Peru

A formação de um lote de reprodutores varia conforme a espécie. É importante conhecer suas características biológicas e genéticas, como o ciclo de vida, a idade da primeira reprodução e se são migratórias. Isso ajuda a tomar decisões adequadas ao selecionar reprodutores. Em espécies migratórias, como a gamitana e o pacu, que mantêm um fluxo genético constante, deve-se prestar atenção à variabilidade genética para evitar a consanguinidade.

MANEJO DO PLANTEL DE REPRODUTORES

Trabalhar com peixes que superam os 60 kg e alcançam 1,8 metros de comprimento é um desafio. Embora o paiche seja resistente, é fundamental manejá-lo adequadamente durante seu transporte, separação em pares, marcação, sexagem ou controle biométrico e sanitário. Para essas tarefas, é necessário ter os materiais adequados, que variam de acordo com o objetivo do manejo. Em Iquitos, utilizam-se redes para transporte curto e macas de lona para transporte em caminhonete.

Para extrações de sangue ou marcação com chips, coloca-se o peixe sobre uma cama de madeira com um colchão umedecido. O peixe é mantido úmido com água do viveiro e seus olhos são cobertos com um pano úmido para acalmá-lo. Como o paiche adulto respira principalmente ar e pode saltar durante a captura. E crucial manuseá-lo com cuidado para garantir seu bem-estar e a segurança dos operadores.

 Cultivo do Paiche no Peru
Botón de Reserva

Pesca Esportiva em Iquitos 4 dias

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